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Sobre a Freguesia

A NOSSA HISTÓRIA

A origem desta freguesia remonta á idade Média, e toda esta região pertencia à Ordem do Santo Sepulcro. No século XIII, e sobretudo nas Inquirições de 1258 de D Afonso III de Portugal, aparece com o nome de Cesuraes.[3] Era então um lugar muito remoto, situado como ficava entre os castros, depois castelos, de Pena Verde, ao nascente, e de Pena Alva (hoje Penalva), ao sudoeste. Os montes que circundam a povoação apresentam cumes favoráveis à defesa castreja. Como exemplo temos o cume das Pedras Altas, imediatamente ao sul. O tepónimo de sentido megalítico, é de interesse arqueológico. Um pouco a noroeste da povoação encontra-se a Venturinha. Este topónimo é um índice da antiguidade do povoamento local, pois o seu nome surge do étimo latino “vulturina”, sendo alusivo à abundância de aves rapaces encontradas nestas alturas em tempos remotos. De facto as referidas Inquirições de 1258 referem um local não muito longe de nome Castro Furado, referindo várias vezes que existia nesta elevação um castro de alguma importância para a defesa do território, dada a sua repercussão toponímica.

Para completar a pré-história local, um pouco mais longe, já na freguesia Antas, encontravam-se edificações dolménicas.

O local não era muito povoado nos primórdios Monarquia. Em 1244, embora os inquirimentos régios o não digam, D. Gerardo de Trancoso e D. Teresa Afonso, sua esposa, doaram ao mosteiro de Salzedas, entre outros muitos bens, uma herdade em Susuris, à Fonte da Ulgueira, para pagamento de cem maravedis de ouro que deviam ao convento.[4] Maravedi é uma antiga moeda árabe que se usava em Portugal no tempo medieval e cujo valor variou bastante. Maioritariamente terrenos incultos, havia pequenas hortas, muitos, em tempo de D. Sancho II, pertencentes a D. Vivilde.

No século XIII aparece com seu único proprietário um D. Paio Ruivo, que do seu casal fez doação ao mosteiro e Ordem do Santo Sepulcro. É precisamente a esta Ordem a que se deve o repovoamento de Sezures conforme dita o documento inquiridor de 1258, pelo que é de transcrever, traduzindo das inquirições de 1258, o seguinte informe: “habuit eam Sepulchrum Domini de testamento de Pelagio Rubeo de longo tempore”, traduzindo-se que “a villa de Sezures…, teve-a o Sepulcro do Senhor por doação de Paio Ruivo há muito tempo”,[5] no qual os frades fizeram depois deste testamento mais de trinta casais, que alargavam e rompiam através do monte real. A obra dos monges do Santo Sepulcro é de notabilíssima importância para a história da colonização interna nos primeiros séculos do Reino de Portugal.

A villa, talvez toda ela foreira, pertencia à coroa, com excepção do casal que fora de Paio Ruivo, conforme a acta das inquirições. “tota est foraria regis et sua propria regis, excepto uno casali quod fuit de Pelagio Rubeo”.[6] Fora revelado aos inquiridores, no entanto, que da vila de Cesuras, a coroa apenas recebia metade das coimas por homicídio ou qualquer outro delito. As coimas eram penas que se aplicavam ou se impunham aos que deixavam entrar gado nas searas ou lavouras alheias, ou roubos de frutos, etc. Segundo Viterbo, havia o costume de aplicar esta pena ao lugar mais próximo onde se encontrasse uma pessoa morta, sem se saber o agressor. O lugar penalizado teria de pagar ao mordomo do termo trinta maravedis ou então provar o contrário. D. Afonso II extinguiu este injusto costume nas suas primeiras cortes. Além disto, ainda havia as portagens e o serviço militar chamado de hoste-e-anúduva. Quanto a isto desconhece-se que atitude tomou D. Afonso III. Naquele tempo, os habitantes da freguesia cultivavam fora do lugar certas herdades de renda, e delas eram obrigados a dar à coroa, através do concelho de Penalva, uma ração de pão ou cem maravedis.

De novo, lê-se no documento de 1258: “dant de eis racionem de pane concilio de Penna Alba, quod est arrendatura cum rege”.[7]

Na primeira metade do século XIII, a Ordem do Santo Sepulcro recebeu várias doações que então incluía o termo de Sezures, herdades de arrendamento para cultivo, dádivas estas do sapateiro Paio Martins, e ainda a herdade de D. Pedro e D. Dordia, com terrenos no sítio de Carpena, incluindo um pequeno quintal e horta no meio de terras incultas. Os doadores, tratados por “dom” nas actas inquiridoras, deviam ser vilãos ou pessoas de bens, chamados pelo povo de “melhorados”.

Hoje, povoam esta freguesia 854 residentes, conforme o censos de 2001, distribuídos por 562 edifícios. Como muitas freguesias do interior de Portugal, Sezures não escapou ao êxodo para o litoral, as grandes urbes ou à emigração para países da Europa e Américas. Conforme registos de 1941, viviam no limites autárquicos 1,317 habitantes, distribuídos em 395 fogos.